domingo, 9 de janeiro de 2011

Dilma deixa claro perfil diferente de Lula

 Dilma deixa claro perfil diferente de Lula


Publicação: 09/01/2011 07:46 Atualização: 09/01/2011 07:59


Apesar de oito anos de diferença, os discursos de Dilma e Lula na primeira semana de trabalho no Planalto são semelhantes. Os problemas também - o PMDB ameaça uma crise (Breno Fortes/CB/D.A Press e  Varella/CB)
Apesar de oito anos de diferença, os discursos de Dilma e Lula na primeira semana de trabalho no Planalto são semelhantes. Os problemas também - o PMDB ameaça uma crise
Oito anos e, no geral, a mesma foto. Em 1° de janeiro de 2003, Luiz Inácio Lula da Silva ocupou as manchetes do Brasil e ganhou pontos no plano internacional ao assumir o governo com a promessa de acabar com a fome e a miséria. Dizia que cada brasileiro deveria ter café da manhã, almoço e jantar. Terminou sua primeira semana de trabalho tomando remédios para dor de cabeça. O PMDB da Câmara, então oposição e liderado por Michel Temer (SP), ameaçava derrotar João Paulo Cunha (PT-SP), candidato a presidente da Casa. Hoje, a foto só tem diferente o pano de fundo. Dilma Rousseff, em 1° de janeiro de 2011, prometeu não descansar enquanto houver miséria e crianças abandonadas nas ruas. E, embora a presidente tenha dispensado remédios para dor de cabeça, calejada pela lembrança dos primeiros dias do governo Lula, enfrenta problemas semelhantes com o PMDB. Ainda que, desta vez, Michel Temer seja um aliado na tentativa de conter essa insatisfação e disposto a preservar a eleição de Marco Maia (PT-RS) à presidência da Câmara.


As diferenças na foto de 2003 e de hoje são mais de estilo. Dilma não trata diretamente desses problemas políticos, como fazia Lula. O ex-presidente – para irritação de dona Marisa Letícia – dedicava as noites a jantares políticos no Palácio da Alvorada. Dilma, pelo menos, na primeira semana, ainda hospedada na Granja do Torto, tem dedicado as noites aos familiares que ainda estão em Brasília. Em função disso, esses contatos que varam a noite foram delegados ao vice-presidente, Michel Temer, aos ministros do próprio PMDB e ao estafe político do Planalto, em especial, Antonio Palocci, ministro da Casa Civil, e Luiz Sérgio, da Secretaria das Relações Institucionais, e, ainda, Paulo Bernardo, das Comunicações e José Eduardo Dutra, presidente do PT.


Além do modus operandi na seara política, a rotina do ex-presidente e de Dilma no Planalto também são substancialmente distintas. Ao assumir o gabinete de Fernando Henrique Cardoso, em 2003, Lula fez dois pedidos urgentes: trocar a cadeira utilizada pelo antecessor, adaptada aos problemas de coluna do tucano; e instalar uma máquina de café expresso. Dilma mandou trocar as poltronas clássicas por novas, de estilo moderno, e encomendou à curadoria do Planalto novos quadros.


Nesses primeiros dias, Dilma tem esticado o expediente, mas, ao contrário de Lula, que, às vezes, ficava horas conversando com o visitante, ela imprimiu uma velocidade controlada ao tempo presidencial disponível. O expediente oficial começa às 9h30. Cada audiência dura, no máximo, uma hora. Se o assunto for delicado, acrescenta-se meia hora. Em casos de crise ou discussão mais aprofundada de um projeto, pode-se demorar um pouco mais, desde que esteja previsto.


Agendas não previstas são raras. Na tarde de sexta-feira, por exemplo, a pauta oficial previa apenas um encontro com Giles Azevedo, o chefe de gabinete. Mas ela recebeu ainda várias pessoas, como a ministra da Pesca, Ideli Salvatti, e a da Cultura, Ana de Hollanda, embora não estivesse combinado recebê-las na sexta.


Humor Até o momento, nenhuma crise tirou o humor ou fez Dilma atrasar sua agenda. A reunião de coordenação política, que já tem dia e hora marcados – todas as segundas-feiras, às 18h – começou pontualmente. Assim foi também com a reunião em que ela discutiu o PAC de combate à miséria com os ministros da área social e econômica.


Na primeira semana no poder, até o horário de almoço, para desgosto da família, que se encontra em Brasília, foi dedicado às discussões governamentais. Os ministros que o digam. José Eduardo Cardozo, da Justiça, estava dia desses num restaurante começando a almoçar quando o telefone tocou. Era Dilma, chamando o ministro para o Planalto. “Não tem comida no seu ministério, não?”, perguntou. Talvez por isso, Cardozo e outros ministros tenham adotado a rotina de comer no gabinete, assim como o da Saúde, Alexandre Padilha, que tem saído do ministério por volta de 1h da manhã. Até colocar tudo nos trilhos e começar a apresentar resultados, como deseja e cobra Dilma, nenhum deles nem sequer pisca.

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